26 de junho de 2013

Transformação é parte inevitável da vida


Quando existe uma manifestação interna, dá-se o início de um conflito.  Conflito  pode ser a oposição de interesses, sentimentos ou até ideias.

Será que é possível evitar conflitos?

A década de 90 foi declarada pelos EUA, como a década do cérebro. A investigação do sistema nervosa passou a ser o principal foco de investimentos em saúde naquele país. E isso acabou se refletindo em laboratórios de vários cantos do planeta. Encontramo-nos hoje no limiar de uma nova era em ciências do cérebro, do comportamento, do corpo, mente e espírito.

Todo o interesse  em ver como o cérebro funciona é para aprender porque muitas vezes ele não funciona bem. Imagine que em cada 5 habitantes do planeta, pelo menos um, já teve um Bug cerebral.
Os transtornos ansiosos, uma espécie de Bug Cerebral, entre os quais o pânico, fobia social, ansiedade generalizada, fobias e medos, reações ao estresse e comportamentos obsessivos são os principais problemas de saúde mental das populações dos grandes centros urbanos.

O desgaste, sofrimento e a incapacitação que provocam, além dos custos pessoais, familiares, sociais e profissionais são incalculáveis.

Tenho certeza que o conflito visto nas manifestações pacíficas de nosso país, tem um Q de Bug Cerebral em parte das pessoas que estavam por lá. Não há intenção de minha parte em defender os ditos marginais e nem muito menos minimizar as barbaridades ocorridas contra a paz pregada pela manifestação original em nosso país.

Sou uma apaixonada por seres humanos. Temo de corpo, mente e espírito, as luzes e as sombras de cada um de nós. Uma espécie de renúncia `as certeza da vida.

Esta renúncia do meu ser, este profundo respeito pela liberdade do outro a minha frente, mas, sobretudo, pela verdade, pode ser sentida, mesmo como uma violência, uma vez que o confronta com sua própria liberdade e responsabilidade ou, em outros termos, uma vez que o coloca  como Sujeito e não como Objeto da ação de viver.

Tal agudeza do meu ser “ transformador e em transformação” pode ser dolorosa para o outro que me procura como mentora, que pode se sentir invadido e ameaçado , sem esconderijos, até devassado.
Para mim, talvez seja igualmente doloroso, uma vez que me separa dos instrumentos básicos de meu cotidiano, da construção de minha própria identidade, e assim me vejo frente ao desconhecido, sozinha e desarmada.

Estes conflitos internos, são manifestações que se compreendidas e cuidadas evitam grandes sofrimentos desde os primórdios de nosso entendimento da realidade.
Quando detectamos o que, usualmente, é denominada ansiedade devemos analisar em que área de manifestação da conduta humana esta energia está localizada.

A área de predominância da ação desta energia nos permite aclarar o significado dos sinais e sintomas exteriorizados.

Denomino esta energia de TENSÃO, que os ingleses chamam de stress.
Nosso mundo está passando pela era do Stress.
Toda manifestação humana se realiza através de comportamentos.

Conduta é vida.

A vida é o resultado da organização de células, órgãos, sistemas e suas inter-relações.
O organismo humano está constituído pelas áreas de manifestação da conduta e se expressa através de comportamentos.

Quando o organismo perde o seu equilíbrio dinâmico, emerge o estresse que é caracterizado pela força denominada tensão.

Esta força existe e é distribuída em todas as áreas de manifestação da conduta.
De acordo com as características de personalidade de cada indivíduo haverá o predomínio de localização da tensão numa das áreas de manifestação da conduta.

Assim, o ato de se tornar ansioso, acima do esperado, tem raízes nessas forças.
Vivemos grandes momentos de tensão e ansiedade, em nosso cotidiano, entretanto, só percebemos claramente o efeito, quando vemos iguais a nós, juntos, em momentos de tensão diante de nosso olhos.
Meu trabalho muitas vezes é abraçar a tensão, olhar com bem querer para o conflito, entender o estresse de quem imagina estar sempre sendo alvo de agressão pessoal.

O resultado deste trabalho - a personalidade "separada", ganha à confusão com o ambiente - significa mais riqueza e verdade, e também novos esforços de reajuste, assim como um sentimento de insegurança, uma vez que tudo é novo, e portanto ainda está para ser conquistado e vivido.

Niels Bohr , físico quântico, ao elaborar o princípio da complementaridade, estabelece que o paradoxo é necessário.
Ele aceita a discrepância lógica entre os dois aspectos extremos, mas igualmente complementares para uma descrição exaustiva de um fenômeno físico.
Como se poderia conciliar o fato de que uma coisa podia ser duas ao mesmo tempo, e como manter a objetividade da física?

No domínio do quantum não se pode ter uma objetividade completa. Uma verdade absoluta.
Na vida igualmente, o princípio da incerteza, pode causar uma certa tensão, um estresse e um conflito necessário internamente, para transformações externas saudáveis.

A transformação é parte inevitável da vida. 

E a verdade jamais é absoluta.

Bibliografia: A psiquiatria no ciclo da vida. Prof.Dr.José Raimundo da Silva Lippi
Capra, 1982, 1986; Grof, 1988; Heisenberg, 1981