Quando existe uma manifestação interna, dá-se o início de um
conflito. Conflito pode ser a oposição de interesses,
sentimentos ou até ideias.
Será que é possível evitar conflitos?
A década de 90 foi declarada pelos EUA, como a década do
cérebro. A investigação do sistema nervosa passou a ser o principal foco de
investimentos em saúde naquele país. E isso acabou se refletindo em
laboratórios de vários cantos do planeta. Encontramo-nos hoje no limiar de uma
nova era em ciências do cérebro, do comportamento, do corpo, mente e espírito.
Todo o interesse em
ver como o cérebro funciona é para aprender porque muitas vezes ele não funciona
bem. Imagine que em cada 5 habitantes do planeta, pelo menos um, já teve um Bug
cerebral.
Os
transtornos ansiosos, uma espécie de Bug Cerebral, entre os quais o pânico,
fobia social, ansiedade generalizada, fobias e medos, reações ao estresse e
comportamentos obsessivos são os principais problemas de saúde mental das
populações dos grandes centros urbanos.
O desgaste,
sofrimento e a incapacitação que provocam, além dos custos pessoais,
familiares, sociais e profissionais são incalculáveis.
Tenho
certeza que o conflito visto nas manifestações pacíficas de nosso país, tem um
Q de Bug Cerebral em parte das pessoas que estavam por lá. Não há intenção de
minha parte em defender os ditos marginais e nem muito menos minimizar as
barbaridades ocorridas contra a paz pregada pela manifestação original em nosso
país.
Sou uma
apaixonada por seres humanos. Temo de corpo, mente e espírito, as luzes e as
sombras de cada um de nós. Uma espécie de renúncia `as certeza da vida.
Esta
renúncia do meu ser, este profundo respeito pela liberdade do outro a minha
frente, mas, sobretudo, pela verdade, pode ser sentida, mesmo como uma
violência, uma vez que o confronta com sua própria liberdade e responsabilidade
ou, em outros termos, uma vez que o coloca como Sujeito e não como Objeto da ação de
viver.
Tal agudeza
do meu ser “ transformador e em transformação” pode ser dolorosa para o outro
que me procura como mentora, que pode se sentir invadido e ameaçado , sem
esconderijos, até devassado.
Para mim,
talvez seja igualmente doloroso, uma vez que me separa dos instrumentos básicos
de meu cotidiano, da construção de minha própria identidade, e assim me vejo
frente ao desconhecido, sozinha e desarmada.
Estes
conflitos internos, são manifestações que se compreendidas e cuidadas evitam
grandes sofrimentos desde os primórdios de nosso entendimento da realidade.
Quando
detectamos o que, usualmente, é denominada ansiedade devemos analisar em que
área de manifestação da conduta humana esta energia está localizada.
A área de
predominância da ação desta energia nos permite aclarar o significado dos
sinais e sintomas exteriorizados.
Denomino
esta energia de TENSÃO, que os ingleses chamam de stress.
Nosso mundo
está passando pela era do Stress.
Toda
manifestação humana se realiza através de comportamentos.
Conduta é
vida.
A vida é o
resultado da organização de células, órgãos, sistemas e suas inter-relações.
O organismo
humano está constituído pelas áreas de manifestação da conduta e se expressa
através de comportamentos.
Quando o
organismo perde o seu equilíbrio dinâmico, emerge o estresse que é
caracterizado pela força denominada tensão.
Esta força
existe e é distribuída em todas as áreas de manifestação da conduta.
De acordo
com as características de personalidade de cada indivíduo haverá o predomínio
de localização da tensão numa das áreas de manifestação da conduta.
Assim, o
ato de se tornar ansioso, acima do esperado, tem raízes nessas forças.
Vivemos
grandes momentos de tensão e ansiedade, em nosso cotidiano, entretanto, só percebemos
claramente o efeito, quando vemos iguais a nós, juntos, em momentos de tensão
diante de nosso olhos.
Meu
trabalho muitas vezes é abraçar a tensão, olhar com bem querer para o conflito,
entender o estresse de quem imagina estar sempre sendo alvo de agressão
pessoal.
O resultado
deste trabalho - a personalidade "separada", ganha à confusão com o
ambiente - significa mais riqueza e verdade, e também novos esforços de
reajuste, assim como um sentimento de insegurança, uma vez que tudo é novo, e
portanto ainda está para ser conquistado e vivido.
Niels Bohr ,
físico quântico, ao elaborar o princípio da complementaridade, estabelece que o
paradoxo é necessário.
Ele aceita
a discrepância lógica entre os dois aspectos extremos, mas igualmente complementares
para uma descrição exaustiva de um fenômeno físico.
Como se
poderia conciliar o fato de que uma coisa podia ser duas ao mesmo tempo, e como
manter a objetividade da física?
No domínio
do quantum não se pode ter uma objetividade completa. Uma verdade absoluta.
Na vida
igualmente, o princípio da incerteza, pode causar uma certa tensão, um estresse
e um conflito necessário internamente, para transformações externas saudáveis.
A
transformação é parte inevitável da vida.
E a verdade jamais é absoluta.
Bibliografia:
A psiquiatria no ciclo da vida. Prof.Dr.José Raimundo da Silva Lippi
Capra,
1982, 1986; Grof, 1988; Heisenberg, 1981