18 de dezembro de 2014


 Humildade


A humildade é uma virtude humilde: ela até duvida que seja uma virtude! Quem se gabasse da sua mostraria simplesmente que ela lhe falta.

“A humildade”, escreve Spinoza, “é uma tristeza nascida do fato de o homem considerar sua impotência ou sua fraqueza.” Essa humildade é menos uma virtude do que um estado: é um afeto, diz Spinoza, em outras palavras, um estado de alma. Se alguém imagina sua própria impotência, sua alma “se entristece por isso mesmo”. É a experiência de nós todos, e seria enganoso fazer dela uma força. Ora, a virtude, para Spinoza, não é outra coisa: virtude é força de alma, e sempre alegre! A humildade, portanto, não é uma virtude, e o sábio não tem por que se preocupar com ela.

A humildade, como virtude, é essa tristeza verdadeira de sermos apenas nós. E como poderíamos ser outra coisa? A misericórdia também vale para nós mesmos, temperando a humildade com um pouco de doçura. Que é necessário contentar-se consigo, é o que ensina a misericórdia. Mas sentir-se contente consigo, quem poderia, sem vaidade? Misericórdia e humildade vão de par e se completam. Aceitar-se - mas não se iludir.

"O contentamento de si", escreve Spinoza, "é na realidade o objeto supremo de nossa esperança." Digamos que a humildade é seu desespero, e tudo estará dito. Tudo? Ainda não, porém. Pode até ser que o essencial não tenha sido abordado. O essencial? O valor da humildade. Virtude, disse eu. Mas de que importância? De que nível? De que dignidade?

Vê-se o problema: se a humildade é digna de respeito ou de admiração, não é um erro ela ser humilde? E se ela tiver razão de o ser, como se teria razão de admirá-la? Parece que a humildade é uma virtude contraditória, que só poderia justificar-se por sua própria ausência, ou só valer à sua custa.



Em seu capítulo sobre a humildade, Jankélévitch observa com razão que "os gregos quase não conheceram esta virtude". Talvez seja por não se terem dado um Deus suficientemente grande para que a pequenez do homem aparecesse como deveria? Não é certo, entretanto, que eles tenham se enganado sempre acerca da sua grandeza (Jankélévitch se engana, me parece, como Pascal, sobre o "orgulho estóico": também há uma humildade em Epicteto, pela qual o ego sabe não ser Deus, e não ser nada); mas talvez eles tivessem menos narcisismo a combater, ou menos ilusões a dissipar.


O fato é que esse Deus (o nosso: o dos judeus, dos cristãos e dos muçulmanos), quer se creia nele ou não, é agora, para todos, por diferença, uma terrível lição de humildade. Os antigos se definiam como mortais: apenas a morte, pensavam eles, os separava do divino. Não estamos mais nesse ponto e sabemos agora que mesmo a imortalidade seria incapaz (e por isso, sem dúvida, insuportável) de fazer de nós outra coisa, infelizmente, que não o que somos... Quem às vezes não aspira a morrer, para ser libertado de si?

A importância das emoções

A) Sobrevivência: Nossas emoções foram desenvolvidas naturalmente através de milhões de anos de e-volução. Como resultado, nossas emoções possuem o potencial de nos servir como um sofisticado e delicado sistema interno de orientação. Nossas emoções nos alertam quando as necessidades humanas naturais não são encontradas. Por exemplo, quando nos sentimos sós, nossa necessidade é encontrar outras pessoas.Quando nos sentimos receosos, nossa necessidade é por segurança. Quando nos sentimos rejeitados, nossa necessidade é por aceitação.

B) Tomadas de Decisão: Nossas emoções são uma fonte valiosa da informação. Nossas emoções nos ajudam a tomar decisões. Os estudos mostram que quando as conexões emocionais de uma pessoa estão danificadas no cérebro, ela não pode tomar nem mesmo as decisões simples. Por que? Porque não sentirá nada sobre suas escolhas.



C) Ajuste de limites: Quando nos sentimos incomodados com o comportamento de uma pessoa, nossas emoções nos alertam. Se nós aprendermos a confiar em nossas emoções e sensações isto nos ajudará a ajustar nossos limites que são necessários para proteger nossa saúde física e mental.


D) Comunicação: Nossas emoções ajudam-nos a comunicar com os outros. Nossas expressões faciais, por exemplo, podem demonstrar uma grande quantidade de emoções. Com o olhar, podemos sinalizar que precisamos de ajuda. Se formos também verbalmente hábeis, juntamente com nossas expressões teremos uma possibilidade maior de melhor expressar nossas emoções. Também é necessário que nós sejamos eficazes para escutar e entender os problemas dos outros.e. União: Nossas emoções são talvez a maior fonte potencial capaz de unir todos os membros da espécie humana. Claramente, as diferenças religiosas, cultural e política não permitem isto, apesar dar emoções serem “universais”.

Reflita


• Não podemos mudar os outros, mas podemos mudar nossa maneira de encará-los. Compreender suas razões e suas limitações ajuda vê-los de um ponto de vista mais humano.

• Todos somos falíveis. Se fôssemos perfeitos não estaríamos aqui. Por isso é bom fazer também uma auto-avaliação e verificar se não estamos criando problemas para as pessoas com as quais convivemos. Se estivermos, é só lembrar dos quatro princípios e corrigir a rota.

• Perder a calma é a coisa mais fácil do mundo e a menos proveitosa. Isso não significa engolir a raiva, mas aprender a lidar com ela e a minimizar seus efeitos. É um treino, não acontece do dia para a noite.

Pessoas são possibilidades.

Creio, atuo e vou além

 “...pode um milagre enfim acontecer, é só você acreditar. A esperança em ti ninguém jamais irá matar, depende só, se tu quiseres crer...”


 (When you believe – Stephen Schwartz / Kenneth Edmonds)


Participação e responsabilidade


 “A gente acha na vida um nível de desespero que consegue tolerar e chama isso de felicidade” (Peter Garder)

Hendre Coetzee apresenta dois fatores essenciais para o processo de transformação em Coaching como sendo a participação e a responsabilidade. Não importa o grau de esforço que uma pessoa diz dedicar a sua vida e aos seus planos se não compreender que participação e responsabilidade são fatores que dependem exclusivamente delas.

Participar significa ‘assumir sua parte na ação’. Quer dizer que em tudo o que vivenciamos na vida, existe uma parte que corresponde a mim. Eu devo assumi-la para que minha parte garanta a ação e a realização do planejado. Não significa assumir a ‘culpa’ pelas coisas terem acontecido de ruim ou, ainda, determinar que só depende de mim mesmo que tudo aconteça.

Significa que, em tudo na vida existem os fatores internos e externos que determinam as situações em que estamos. Se decidimos por não participar da nossa própria vida, estamos dizendo que ‘os fatores externos’ podem determinar tudo a seu modo e que estaremos lá apenas como um coadjuvante.

Não tenha dúvidas de que: não participar pode gerar conseqüências inesperadas.

Muitas vezes olhamos para nós mesmos e nem sequer percebemos que não estamos participando. Passamos a ver quando temos que aceitar algo que realmente não queremos e somos levados a perceber que as coisas estão desta maneira porque que deixamos a omissão, dificuldades, medos tomarem conta de nós.

Pessoas estão demasiadamente desgastadas com as adversidades da vida e passam a ser expectadoras de si mesmas. Decidem olhar o tempo passando e permanecem à espera de que algo aconteça para ‘limpar o passado’ e ser possível recomeçar. Factualmente, o que não percebem é que ao decidirem ‘estacionar’ pelo medo de reviver dores ou de correr riscos, estão gerando um ciclo vicioso de impactos involuntários. E causando um grau cada vez mais aprofundado de ações determinadas externamente.

Os fatores todos que nos impedem de participar estão relacionados às nossas conversas internas, conforme Coetzee nos apresenta. Por sua definição, conversas internas são as barreiras que as pessoas tem em suas vidas que os mantém distantes da participação e de, conseqüentemente, chegar aonde desejam e querem. É o que as mantém distantes do potencial que possuem.

Como Coaches, é importante saber que tipos de conversas internas impedem as pessoas de perceberem seu potencial de chegar ao sucesso e a excelência em todos os aspectos da vida. As conversas internas podem ser positivas, obviamente. E quando são, desempenham um papel altamente fortalecedor para o crescimento e transformação pessoal e profissional. Não obstante, é mais comum – principalmente nos processos iniciais de Coaching – encontrar pessoas que detém conversas internas altamente negativas. Aquelas que os convencem a não seguir adiante.


17 de dezembro de 2014

Gratidão


A gratidão é a mais agradável das virtudes; não é, no entanto, a mais fácil. Por que seria? Há prazeres difíceis ou raros, que nem por isso são menos agradáveis. Talvez sejam até mais. No caso da gratidão, todavia, a satisfação surpreende menos que a dificuldade. Quem não prefere receber um presente a um tapa? Agradecer a perdoar?

A gratidão é um segundo prazer, que prolonga um primeiro, como um eco de alegria à alegria sentida, como uma felicidade a mais para um mais de felicidade.

O que há de mais simples? Prazer de receber, alegria de ser alegre: gratidão. O fato de ela ser uma virtude, porém, basta para mostrar que ela não é óbvia, que podemos carecer de gratidão e que, por conseguinte, há mérito - apesar do prazer ou, talvez, por causa dele - em senti-la. Mas por quê? A gratidão é um mistério, não pelo prazer que temos com ela, mas pelo obstáculo que com ela vencemos. É a mais agradável das virtudes, e o mais virtuoso dos prazeres.

Só se agradece para se ter mais (diz-se "obrigado", pensa-se "mais"!). Não é gratidão, é lisonja, obsequiosidade, mentira. Não é virtude, é vício. Aliás, mesmo sincero, o reconhecimento não poderia nos dispensar de nenhuma outra virtude, nem justificar qualquer falta que fosse. Virtude segunda, se não secundária, que cumpre manter em seu devido lugar: a justiça ou a boa-fé podem autorizar uma falta com a gratidão, mas não a gratidão uma falta com a justiça ou a boa-fé. Ele me salvou a vida: devo, por isso, impor-me um falso testemunho em seu favor e com isso condenar um inocente? Claro que não! Não esquecer não é ser ingrato, pelo que devemos a determinado indivíduo, o que devemos a todos os demais e a nós mesmos.

Não é ingrato, escreve Spinoza, "aquele que os dons de uma cortesã não transformam em instrumento dócil de sua lubricidade, os de um ladrão num receptador de seus roubos, ou qualquer outra coisa semelhante. Pois esse, ao contrário, mostra que é dotado de constância de alma, que não se deixa corromper por nenhum presente, seja para sua própria perda, seja para a perda comum." Gratidão não é complacência. Gratidão não é corrupção.

A gratidão é alegria, repitamos, a gratidão é amor. É por isso que ela se aproxima da caridade, que seria como "uma gratidão incoativa, uma gratidão sem causa, uma gratidão incondicional, assim como a gratidão é uma caridade segunda ou hipotética".

Alegria somada à alegria: amor somado a amor. A gratidão é nisso o segredo da amizade, não pelo sentimento de uma dívida, pois nada se deve aos amigos, mas por superabundância de alegria comum, de alegria recíproca, de alegria partilhada. "A amizade conduz sua dança ao redor do mundo", dizia Epicuro, "convidando todos nós a despertar para dar graças." Obrigado por existir, dizem um ao outro, e ao mundo, e ao universo. Essa gratidão é de fato uma virtude, pois é a felicidade de amar, e a única.


11 de dezembro de 2014

O Coach é o apoio


Como foi afirmado, ser Coach é “estar com o Coacheé para o êxito.” Os passos e atitudes mais importantes neste processo de “estar junto” é provar ao Coacheé que você é seu apoio. Como reflexo da capacidade de apoio do Coach, se encontra a atitude de reforçar no Coacheé sua capacidade de alcançar seus objetivos.



Quando um avião cai todo o mundo esta comocionado e querem saber os detalhes. Todo o mundo espera ver a informação que se encontra na caixa preta do avião. Além disso, as pesquisas se organizam para fazer frente às perguntas com claridade. Todo o mundo aprende da história. Não obstante, quando uma pessoa se cai é claro que há menos rumores, poucos percebem o que está acontecendo, e por esse motivo se tem pouco que aprender salvo que você tenha seguido as particularidades da história.

Temos tantas adversidades. Na realidade, a vida é uma serie de cume e vales que vêm em numa sequência cada vez mais rápida. Na atualidade existe pouco espaço para a reflexão. Entretanto, para ter uma visão mais positiva dos processos internos, seria interessante descobrir o conteúdo dos aviões, das empresas, das pessoas que não caem. Em outras palavras, identificar o que fatores contribuíram a desenvolver e manter seu valor.

Abraçando nossa realidade é o primeiro passo a uma vida de paixão, propósito e metas. Requer um passo de valor. Poucos têm o valor que a mudança requer. Conquistadores ou pioneiros necessitam não só visão, fé e iniciativa, mas também valor para gerar uma transformação contínua.

O que poderia fazer de forma diferente, e por tanto provocar uma mudança repentina na minha vida? Como fazer um plano de objetivos sem renunciar a meus princípios ou preservar minha essência, e continuar estimulado ao progresso?

É muito importante documentar as respostas por escrito, dessa maneira o processo se desenvolve passo a passo na construção de um resultado preciso em todo.

Vocês tomarão consciência das limitações de seu dia a dia. Seus pensamentos e percepções adquirirão uma maior claridade e perceberão, pouco a pouco, as importantes conexões entre os acontecimentos, pessoas, lugares e outras realidades emergentes.

Quando se escreve durante o processo, pode-se armar o quebra cabeças ao final do plano de ação. Descubra também o segredo do 3% que registram em suas metas no papel e/ou ver fotos de imagens com organizar de forma inspirada, em tiras ou storyboards. A possibilidade de conseguir seus objetivos cresce dez vezes quando escreve e é capaz de vê-los. Ter um registro escrito dos achados da a possibilidade de volver atrás, de reconsiderar, revisar, e adicionar coisas novas num processo continuo.

Libera tua mente e preenche os espaços vazios. Como as questões se apresentam, não deixe de contestar-las, mesmo si a resposta ainda não é completa em sua cabeça. Evite a tentação de modificar o que você vê e julgar. Deixe que as respostas venham livremente. Reflita um momento e tente escutar as respostas desde seu coração e mente.


Os resultados serão diretamente proporcionais à energia investida. Apreciar a paisagem é tão importante como chegar ao destino.

8 de dezembro de 2014

O corpo Humano e o Universo


As pessoas sábias estão sempre abertas a novas ideias e crenças, e até a respeito de si mesmas. O conhecimento de nós mesmos é fruto do crescimento pessoal. Os donos da verdade precisam descobrir a verdade a seu respeito. Quando achamos que já chegamos, paramos de avançar. Aqueles que não aprendem com o passado vivem presos a ele. Até mesmo aqueles que conseguem o que querem precisam pedir o que necessitam. A coragem não é a ausência do medo e sim a presença da fé apesar do medo. A mudança nem sempre é um hóspede bem-vindo. As mudanças rápidas são frequentemente temporárias, mas o crescimento lento transforma profundamente.

O Ayurveda ciência mais antiga do mundo anterior a chinesa, ensina que a inteligência é informação e energia auto-referenciada. Ou seja, é a habilidade de aprender por meio da experiência e de reinterpretar o mundo segundo nossas escolhas. Quando, através da nossa inteligência, fazemos opções diferentes, mudamos a energia e a informação que entram em nossa mente e em nosso corpo e nos transformamos em quem somos.

O universo inteiro, é pura energia e informação - ainda que organizadas de diferentes formas, seja como flor, seja como madeira ou como corpo humano. Consciência, igualmente, é informação e energia. E muito mais do que isso. Podemos nos referir a esse MAIS como inteligência.

O corpo humano é um rio de inteligência - e como tal, está sempre mudando, apesar de parecer o mesmo. Algo tão sutil como nosso desejo pode alterar algo tão concreto como nosso corpo físico.

O UNIVERSO não existe por si só, mas apenas quando há um observador. A consciência é que permite a experiência.

“Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos” Shakespeare


Nós somos feitos literalmente da mesma matéria dos sonhos, dos desejos,das vontades. Tudo isso é energia cósmica, que apenas se apresenta e diferentes graus de vibração. Esse fato é maravilhoso,pois, aliado à nossa consciência (aquilo que nos define como seres humanos), significa que somos capazes de mudar nossa biologia pelo que sentimos e pensamos.na face da terra, somos os únicos seres com tamanho poder.

Como isso é possível. Nossas células estão constantemente bisbilhotando nossos pensamentos e sendo por eles modificadas.

O cérebro não distingue o que está fora de nós - a chamada realidade - e o que se passa dentro de nós. Ou seja: recordar uma situação estressante causa ao nosso corpo os mesmos danos de vivenciar aquela situação,liberando em nosso organismo o mesmo fluxo de hormônios negativos. O oposto também é verdadeiro: lembrar uma experiência maravilhosa nos faz revivê-la, banhando todo
nosso organismo em hormônios positivos.


Por tudo isso, precisamos aprender a usar nossa consciência para criar o corpo que desejamos. A ansiedade por causa de um exame, a depressão por alguma frustração são sentimentos que passam. Sua contribuição para nosso processo de envelhecimento, porém, é permanente. Então, o único modo de combater o processo é por meio de um compromisso diário com o bem-estar para a transformação perene.

4 de dezembro de 2014


Tolerância


“Julgar que há o que seja intolerável é sempre dar prova de intolerância?” Ou então, numa forma diferente: “Ser tolerante é tolerar tudo?” A resposta, nos dois casos, é evidentemente não, pelo menos se quisermos que a tolerância seja uma virtude. Deveríamos considerar virtuoso quem tolerasse o estupro, a tortura, o assassinato? Quem veria, nessa tolerância do pior, uma disposição estimável? Mas, embora a resposta só possa ser negativa, a argumentação não deixa de colocar um certo número de problemas, que são de definições e de limites, e que podem ocupar suficientemente nossos secundaristas, imagino, durante as quatro horas da prova.

Ao contrário do amor ou da generosidade, que não têm limites intrínsecos nem outra finitude além da nossa, a tolerância é, pois, essencialmente limitada: uma tolerância infinita seria o fim da tolerância! Não dar liberdade aos inimigos da liberdade? Não é tão simples assim. Uma virtude não poderia se isolar na intersubjetividade virtuosa: aquele que só é justo com os justos, generoso com os generosos, misericordioso com os misericordiosos, etc., não é nem justo nem generoso nem misericordioso.

Tampouco é tolerante aquele que só o é com os tolerantes. Se a tolerância é uma virtude, como acredito e como geralmente se aceita, ela vale por si mesma, inclusive para com os que não a praticam. A moral não é nem um mercado nem um espelho. É verdade, claro, que os intolerantes não teriam nenhum motivo para queixar-se de que se é intolerante para com eles. Mas onde já se viu uma virtude depender do ponto de vista dos que não a têm? O justo deve ser guiado "pelos princípios da justiça, e não pelo fato de que o injusto não pode se queixar". Do mesmo modo, o tolerante, pelos princípios da tolerância.

Assim como democracia não é fraqueza. Tolerância não é passividade. Podemos nos indagar, para concluir, se esta palavra - tolerância - é de fato a que nos convém: há nela algo de condescendente, se não de desdenhoso, que incomoda. Lembrem-se da boutade de Claudel: "Tolerância? Há casas para isso!" Isso diz muito sobre Claudel e sobre a tolerância. Tolerar as opiniões do outro acaso já não é considerá-las inferiores ou incorretas? A rigor, só podemos tolerar aquilo que teríamos o direito de impedir: se as opiniões são livres, como devem ser, não dependem pois da tolerância!

Dizia Émile Boutroux: "Não gosto dessa palavra, tolerância; falemos de respeito, de simpatia, de amor..." A palavra tolerância só nos incomoda porque - por uma vez! - não antecipa, ou não antecipa muito, o que somos.

"Virtude menor", dizia Jankélévitch. Porque ela se assemelha a nós. "Tolerar não é, evidentemente, um ideal", já notava Abauzit, "não é um máximo, é um mínimo." Claro, mas é melhor que nada ou que seu contrário! É evidente que mais valem o respeito ou o amor. Se a palavra tolerância se impôs, entretanto, é sem dúvida porque de amor ou de respeito todos se sentem muito pouco capazes, em se tratando de seus adversários - ora, é em relação a eles, primeiramente, que a tolerância age... "Esperando o belo dia em que a tolerância se incline ao amor", conclui Jankélévitch, "diremos que a tolerância, a prosaica tolerância é aquilo que melhor podemos fazer!


A tolerância - por menos exaltante que seja esta palavra - é, pois, uma solução passável; à espera de melhor, isto é, à espera de que os homens possam se amar, ou simplesmente se conhecer e se compreender, demo-nos por felizes com que eles comecem a se suportar. A tolerância é, pois, um momento provisório." Que esse provisório é feito para durar, que claro.  Se ele cessasse, seria de se temer que a barbárie, em vez do amor, lhe sucedesse! Pequena virtude, também ela, a tolerância talvez desempenhe, na vida coletiva, o mesmo papel da polidez na vida interpessoal: é apenas um começo, mas o é.

Sem contar que às vezes é necessário tolerar o que não se quer nem respeitar nem amar. O irrespeito nem sempre é uma falta, longe disso, e certos ódios estão bem próximos de ser virtudes. Há, o intolerável como vimos, que cumpre combater. Mas há também o tolerável, que é contudo desprezível e detestável. A tolerância diz tudo isso, ou pelo menos o autoriza. Essa pequena virtude nos convém: ela está a nosso alcance, o que não é tão freqüente, e alguns de nossos adversários, parece-nos, não merecem muito mais.

Como a simplicidade é a virtude dos sábios e a sabedoria, dos santos, assim a tolerância é sabedoria e virtude para aqueles que - todos nós - não são nem uma coisa nem outra. Pequena virtude, mas necessária. Pequena sabedoria, mas acessível.

3 de dezembro de 2014

Deixe de querer ter mais


O mantra do ego é “mais”. Ele nunca está satisfeito. Não importa o quanto conquistou ou conseguiu, o ego insiste que ainda não é o suficiente. Ele põe você num estado perpétuo de busca e elimina a possibilidade de chegada. Na realidade, você já está lá e a forma que opta para usar esse momento presente da vida é uma escolha. Ao cessar essa necessidade por mais, as coisas que mais deseja começam a chegar até você. Sem o apego da posse, fica mais fácil compartilhar com os outros. Você percebe o pouco que precisa para estar satisfeito e em paz.



A Fonte universal é feliz nela mesma, expande-se e cria vida nova constantemente. Nunca obstrui suas criações por razões egoístas. Cria e deixa ir. Ao cessar a necessidade do ego de ter mais, você se unifica com a Fonte. Como um apreciador de tudo que aparece, aprende a lição poderosa de São Francisco de Assis: “É dando que se recebe”. Ao permitir que a abundância lhe banhe, você se alinha com a Fonte e deixa essa energia fluir.


1 de dezembro de 2014

Maturidade emocional

Muitas pessoas procuram ou indicam um Coach por um motivo equivocado: desejam que alguém oriente suas vidas e possa “ensiná-las” a conduzir suas vidas, tomar decisões e assim por diante.

Nesse contexto, há o risco de “terceirizar” responsabilidades, o que certamente agrava o problema.

Portanto, o Coach não assumirá o controle da vida de ninguém, mas no primeiro momento, deve apresentar a postura de alguém que realmente está no controle. Após estabelecer o contato inicial para avançar para os passos seguintes, inclusive estreitando a relação de confiança.

O fator crucial em todo processo é a maturidade emocional, pois o processo pode começar com muitas dúvidas, sensação de insegurança e o Coach poderá passar gradualmente a noção de quem sempre está no controle é o Coachée. Essa transição requer a aplicação de muitos conceitos da inteligência emocional fundamentada nas teorias disseminadas por Daniel Goleman.

Seguindo padrões éticos, o Coach não deve interferir nem influenciar as decisões do Coachée, apenas estimular e despertar suas potencialidades para que se desenvolvam e contribuam para atingir as metas desejadas.

Durante a sessão de Coaching, o primeiro passo sempre é estimular a percepção da realidade, valorizando os pontos fortes e os resultados já obtidos. A elevação da autoconfiança é um bom quebra-gelo. Mesmo que o Coachée reclame de algo ou fale sobre alguma decepção, observar pontos positivos contribui para avançar sempre.