Neurociência em Marketing
Nas últimas décadas, os avanços na Psicologia foram tão
relevantes, que muitos já consideram como revolução. Na década de 1990, quando
Daniel Goleman publicou o livro “Inteligência Emocional”, atraiu a atenção da
grande maioria dos leigos e contribuiu para lançar novas luzes nesse campo
visto até com certo preconceito pela maioria da população.
A evolução conceitual e de aplicação dos conhecimentos acerca
dos modelos mentais, comportamentos e emoções não se deve apenas aos
“iniciados”. Muitos especialistas também atribuem o sucesso dessa “nova era da
mente” às constantes pesquisas de mercado, em que profissionais de marketing
encomendavam estudos sobre comportamento do consumidor.
Nesse contexto, as teorias de Carl Jung foram fundamentais
para o desenvolvimento de estudos sobre comunicação e marketing, que adotaram
os arquétipos, também conhecidos como inconsciente coletivo para aprofundar o
entendimento de pensamentos e comportamentos de consumidores e como influenciar
a decisão de compra.
O inconsciente coletivo ilumina o caminho para responder
questões sobre o que as pessoas desejam, esperam do futuro ou até mesmo aqui e
agora. São informações que todo profissional de marketing valoriza.
Os arquétipos ajudam a entender muito bem como as mensagens
são interpretadas pelas pessoas, não pela mera classificação de perfis, mas
pela exploração das motivações e reações cerebrais das pessoas, suas
necessidades, desejos e expectativas.
Clotaire Rapaille, psicólogo especializado em indústria
automobilística influenciou vários segmentos de marcas dos EUA, aplicando suas
teorias neurocientíficas sobre atributos que afetam diretamente o desejo e a
decisão dos clientes. Por exemplo, comprovou que homens desejam carros que
promovem a imagem de virilidade e poder, com linhas que chamam a atenção do
cérebro reptiliano, despertando instintos, que provocam reações automáticas.
Não se trata de elaboração sofisticada de mensagens, mas
comunicação direta aos instintos mais básicos do ser humano. Dessa forma, é
mais fácil entender a dinâmica do comportamento, suas motivações e
temperamentos.
O livro clássico “Jornada do Herói”, de Joseph Campbell
tornou-se referência justamente por apresentar os papéis que cada arquétipo
exerce no drama e pode orientar o desfecho de muitas histórias e a exploração
de inúmeras possibilidades.