Racionalizações
Os seres humanos são seres linguísticos. A particularidade do ser humano se deve à linguagem. Somos seres que vivemos na
linguagem. Somos seres sociais. Não há lugar fora da linguagem desde a qual possamos observar nossa existência.
É através da linguagem que
entendemos a realidade do entorno e podemos explicá-lo, realizar diferenciações que nos
consinta mencioná-los. A linguagem é “a morada do ser”.
A linguagem é geradora: A
linguagem não só nos permite falar “sobre” as coisas, mas também faz com que
estas aconteçam, cria realidade. A linguagem pelo tanto é ação. O filósofo
norte-americano John R. Searle afirmou que, sem importar o idioma que falamos,
sempre executamos o mesmo número restringido de atos linguísticos: os seres
humanos, ao falar, fazem declarações, afirmações, promessas, pedidos, ofertas.
Estas ações são universais.
Não só atuamos segundo aquilo que somos, mas também somos segundo o que
atuamos. A ação gera o ser. Somos de acordo com o que fazemos, modelamos então
nossa identidade. Com a linguagem delineamos o porvir, “por meio dele
participamos no processo continuo do vir a ser”.
Os seres humanos se criam a si
mesmos na linguagem e através dela. Ao dizer o que dizemos, ao dizê-lo de um
modo e não de outro, ou não dizendo coisa alguma, abrimos e fechamos
possibilidades para nós mesmos e, muitas vezes, para outros. Quando falamos
moldamos o futuro. A partir do que dizemos ou se nos diz, a partir daquilo que
calamos, a partir do que escutamos ou não escutamos de outros, nossa realidade
futura modela-se de uma forma ou outra. Mas, além de participar na criação de
futuro, nós seres humanos esculpimos nossa identidade e do entorno que vivemos através
da linguagem.
“A vida é o espaço em que os
indivíduos inventam a si mesmos (...) O ser humano é um espaço de possibilidade
à sua própria criação (...) é estar num processo permanente de vir a ser, de
inventarmos e re-inventarmos dentro de uma deriva histórica”.
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