11 de novembro de 2014


Racionalizações


Os seres humanos são seres linguísticos. A particularidade do ser humano se deve à linguagem. Somos seres que vivemos na linguagem. Somos seres sociais. Não há lugar fora da linguagem desde a qual possamos observar nossa existência.

É através da linguagem que entendemos a realidade do entorno e podemos explicá-lo, realizar diferenciações que nos consinta mencioná-los. A linguagem é “a morada do ser”.

A linguagem é geradora: A linguagem não só nos permite falar “sobre” as coisas, mas também faz com que estas aconteçam, cria realidade. A linguagem pelo tanto é ação. O filósofo norte-americano John R. Searle afirmou que, sem importar o idioma que falamos, sempre executamos o mesmo número restringido de atos linguísticos: os seres humanos, ao falar, fazem declarações, afirmações, promessas, pedidos, ofertas.




Estas ações são universais. Não só atuamos segundo aquilo que somos, mas também somos segundo o que atuamos. A ação gera o ser. Somos de acordo com o que fazemos, modelamos então nossa identidade. Com a linguagem delineamos o porvir, “por meio dele participamos no processo continuo do vir a ser”.

Os seres humanos se criam a si mesmos na linguagem e através dela. Ao dizer o que dizemos, ao dizê-lo de um modo e não de outro, ou não dizendo coisa alguma, abrimos e fechamos possibilidades para nós mesmos e, muitas vezes, para outros. Quando falamos moldamos o futuro. A partir do que dizemos ou se nos diz, a partir daquilo que calamos, a partir do que escutamos ou não escutamos de outros, nossa realidade futura modela-se de uma forma ou outra. Mas, além de participar na criação de futuro, nós seres humanos esculpimos nossa identidade e do entorno que vivemos através da linguagem.

“A vida é o espaço em que os indivíduos inventam a si mesmos (...) O ser humano é um espaço de possibilidade à sua própria criação (...) é estar num processo permanente de vir a ser, de inventarmos e re-inventarmos dentro de uma deriva histórica”.


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